Era uma típica noite de sexta-feira na casa dos Wilkin. Um jantar de última hora havia reunido um número crescente de vizinhos e amigos. Enquanto a cozinha enchia de pessoas e conversas, inclinei-me para cada um dos meus filhos e sussurrei o código que eles provavelmente já esperavam: “FSP”.

Família, segurem as pontas (FSP). Talvez você também conheça essa estratégia. Calculando a quantidade de comida em relação aos convidados presentes, ficou evidente que precisávamos de uma solução não milagrosa para os cinco pães e dois peixes que tínhamos. Meu marido orou agradecendo o alimento e, então, silenciosamente, os Wilkins se deslocaram para o fim da fila, servindo-se de porções mínimas para fazer render a comida. Eles sabiam que não ficariam sem comer; a questão não era se eles iriam comer, mas quando iriam. Na pior das hipóteses, pediríamos uma pizza, assim que os convidados fossem para casa.

Ninguém quer ficar no fim da fila. Quando podemos escolher, queremos ficar em primeiro lugar, pegar uma porção completa, sentar na cadeira mais confortável. Mas os seguidores de Cristo entendem que viver é mais do que fazer o que queremos. É fazer o que desejamos.

Deixe-me explicar.

Todos nós podemos imaginar momentos em que desejamos que nos tratassem melhor, em que ansiamos por ter recebido mais cuidado, mais reconhecimento e mais graça do que recebemos dos outros. Podemos olhar para trás e pensar: Gostaria que minhas falhas tivessem sido encaradas com gentileza. Eu gostaria de ter recebido apoio durante aquele período difícil. Eu gostaria de ter recebido amor, em vez de rejeição. Eu gostaria que aquele aniversário tivesse sido lembrado ou que aquela conquista tivesse sido reconhecida. Eu gostaria de ter me sentido necessário, incluído, alguém que tem importância, que é estimado.

Não estamos errados em nutrir desejos como esses. Eles ilustram a necessidade humana básica de ser conhecido, amado e aceito. E o que fazemos com a forma como nos sentimos em relação a nossos desejos, sejam eles atendidos ou não, moldará o curso de nossas vidas.

Para tanto, Jesus nos convida a viver uma vida guiada por aquilo que queremos, embora não da maneira que poderíamos antecipar: “Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas” (Mateus 7.12).

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Trocando em miúdos, Jesus nos diz para fazer o que queremos. Pensamos em nossa própria lista de desejos, e, então, agimos em relação aos outros de acordo com essa lista.

Damos [aos outros] o encorajamento que gostaríamos de ter recebido, e os tratamos com a mesma honra que gostaríamos de ser tratados. Estimamos [as pessoas] como queremos ser estimados e as servimos como queremos ser servidos. Entramos no fim da linha. Pegamos a cadeira menos confortável. Protelamos o que desejamos para nós mesmos e, em vez disso, garantimos isso para os outros.

Família, segurem as pontas. Todos os dias, nos grandes e nos pequenos momentos, procuramos maneiras de fazer pelos outros o que gostaríamos que os outros fizessem por nós. Mas não fazemos isso sozinhos nem o fazemos com quem não tem esperança. É mais fácil passar para o fim da fila, quando se faz isso acompanhado de sua família. É mais fácil se servir de uma porção menor, quando se sabe que a falta de comida é apenas temporária.

O mundo diz: “Faça o que quiser, não se importe com os outros”. Vá para a frente da fila. Pegue o máximo que puder. Se seus desejos não correspondem à sua realidade, alimente raiva e ressentimento. Jesus diz: “Façam o que vocês querem, levando o outro em consideração”. E assim ele fez. Ele adiou a glória pela privação, para que pudéssemos receber a abundância de sermos reconciliados com Deus. Ao fazer isso, ele cumpriu o desejo de seu Pai e convidou seus seguidores a colocarem em prática a mesma atitude que ele teve.

Este mundo está completamente sedento de bondade e decência. Sua fome por significado e propósito é voraz, e nós somos justamente a família que deve convidá-los a se sentarem à mesa.

Gostaria que as pessoas fossem mais gentis com você? Então, seja a pessoa mais gentil que puder ser. Você gostaria que suas mágoas fossem notadas e que suas vitórias fossem aplaudidas? Esteja atento àqueles à sua volta que estão sofrendo. Você gostaria de ser encorajado com mais frequência? Incentive seu próximo.

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Faça isso junto com outras pessoas, como família; faça isso pela alegria que lhe está proposta. O que quer que lhe falte nesta vida é suportável à luz da recompensa que está por vir. Faça, assim como Cristo fez por você. Faça para os outros aquilo que quer que façam para você.

Jen Wilkin é esposa, mãe e ensina a Bíblia. Ela é a autora de Women of the Word [Mulheres da Palavra] e None Like Him [Ninguém como Ele]. Seu twitter é @jenniferwilkin.

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