Para a maioria dos espectadores, as Olimpíadas são uma exibição do mais alto nível de habilidade atlética. Para muitos atletas cristãos, porém, o evento oferece uma oportunidade de expressarem sua fé tanto uns para os outros quanto para o mundo. Abaixo estão alguns dos momentos mais memoráveis de expressão da fé cristã nas Olimpíadas de Paris.

Este post será atualizado ao longo das Olimpíadas.

Em Cristo, tanto os que vencem quanto os que são vencidos podem ser vitoriosos

Quando a brasileira Larissa Pimenta e a italiana Odette Giuffrida se enfrentaram, na disputa pela medalha de bronze na categoria feminina de judô de 52kg, no dia 28 de julho, elas já se conheciam bem.

Muito bem, na verdade. Giuffrida se tornou cristã por influência de Pimenta, durante uma visita ao Brasil.

Pimenta venceu o combate. Em seu momento de alegria e emoção, o primeiro abraço que recebeu foi da amiga que ela havia derrotado. Como Larissa Pimenta explicou em uma entrevista:

“Ela é uma pessoa especial para mim e o que me falou foi muito significativo. Ela fala português e a gente se fala bastante. A ‘Ode’ conheceu Deus através de mim — ela veio ao Brasil e encontrou Deus. E uns dias atrás estávamos conversando... que toda honra e toda a glória a gente ia dar para ele. Então, naquele momento [sobre o qual todos estão perguntando], ela me disse: ‘levanta, porque toda a honra e toda a glória você tem que dar para ele!’”

Ela superou a falta de moradia para glória do atletismo

“Eu sou uma filha de Deus”, diz a biografia de Shafiqua Maloney no Instagram. No entanto, essa filha de Deus lutou contra a falta de moradia recentemente, em 2023, a caminho das Olimpíadas.

Em fevereiro passado, a corredora de 800 metros, que competiu na faculdade pela Universidade do Arkansas, mas representa a nação caribenha de São Vicente e Granadinas, compartilhou que havia ficado sem um teto para morar por vários meses, durante o ano anterior.

A confissão de Maloney chamou a atenção do primeiro-ministro de sua nação, e, logo depois, ela recebeu um contrato de patrocínio de uma empresa de água caribenha.

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Maloney chegou a Paris classificada na 27ª. posição em sua prova, mas atravessou as duas primeiras rodadas em tempo recorde pessoal para chegar à final, na qual ficou em quarto lugar, em 5 de agosto, atrás da medalha de bronze por apenas 0,24 segundos.

“Eu fiquei sem teto — sem ter o que comer e todas essas coisas”, disse Maloney, citada em uma matéria do jornalista esportivo Chris Chavez, depois que ela se classificou para as finais. “Deus me carregou por tudo isso e, quando cheguei aqui, tive de acreditar que ele não me trouxe tão longe só para me abandonar e que ele me conduziria até o fim.”

Medalhista no salto sincronizado diz: “Deixo Deus trabalhar”

A mergulhadora britânica Andrea Spendolini-Sirieix disse: “Eu dou glória a Deus”, e citou Josué 1.9 em sua página do Instagram, após ganhar o bronze com a parceira Lois Toulson, na prova de salto sincronizado de plataforma de 10 metros, em 31 de julho.

“Isso é mais do que apenas esporte”, ela acrescentou. “Estou orgulhosa por representar meu país, minha família e por glorificar o nome de Jesus.”

Depois de encarar dificuldades nas Olimpíadas de Tóquio e de sofrer bloqueios mentais semelhantes aos enfrentados pela ginasta americana Simone Biles, Spendolini-Sirieix — filha de Fred Sirieix, uma celebridade da televisão britânica — cogitou abandonar o esporte. Mas, em vez disso, ela renovou suas forças em sua fé cristã, a qual ela compartilha sem hesitação.

Ela descreveu sua fé como uma “força estabilizadora”, dizendo que começa cada dia com uma oração e termina com um estudo da Bíblia. Questionada se ela tinha alguma superstição quando competia, a atleta respondeu: “Não, eu me solto e deixo Deus trabalhar. Eu oro e estudo a Bíblia antes da competição.”

Ele não é o skatista típico, mas ama a Deus

“Jesus é Rei!”, gritou o skatista de 19 anos e queridinho do público, Cordano Russell, quando os locutores olímpicos o anunciaram na final masculina de skate street, na segunda-feira.

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Ocupando o 16º lugar no ranking mundial, Russell, que mora em San Diego, mas compete por sua terra natal, o Canadá, acertou suas maiores manobras, mas caiu duas vezes e terminou em sétimo lugar. Ele agradeceu ao seu “Pai celestial” no Instagram e prometeu que vai continuar treinando para as Olimpíadas de 2028, em Los Angeles.

Com 1,90m de altura e 104 kg, Russell é muito mais alto e mais musculoso do que a média dos skatistas (e quebra mais skates do que seus concorrentes, que são menores). Ele começou a andar de skate aos 4 anos e convenceu sua família a se mudar para Carlsbad, na Califórnia, um polo desse esporte, quando tinha 8 anos. Russell mostrou potencial para o futebol americano no ensino médio, mas, em vez disso, escolheu o skate profissional.

“Foi preciso muita oração e muito discernimento para decidir o que fazer”, disse Russell a um periódico da Universidade de San Diego, onde ele vai se matricular neste outono. “Conversando com o Senhor, ele me mostrou que meu amor e meu coração estavam voltados para o skate.”

De acordo com a matéria publicada, Russell “atribui à sua formação religiosa o fato de ter incutido nele a ética de trabalho e a força mental necessárias para se destacar no exigente mundo do skate profissional”. Ele orienta jovens atletas — e quando erra uma manobra, pode esperar que ele vai gritar “Nuggets de frango!”, em vez de um palavrão.

Fiji: eles são grandes jogadores de rugby e grandes adoradores de Deus

Fiji, nação insular do Pacífico com menos de um milhão de habitantes e uma área total que corresponde a cerca de dois terços do território do Havaí, levou 33 atletas para as Olimpíadas de Paris, e 24 deles são jogadores de rugby. As únicas medalhas olímpicas de Fiji sempre vieram do rugby sevens (o rugby de sete jogadores).

A equipe masculina estava invicta em Olimpíadas: foi ouro em 2016, no Rio, quando o rugby sevens foi introduzido, e ouro em Tóquio, em 2021. Mas, após 17 vitórias consecutivas, eles perderam para a França, país anfitrião, na final deste ano.

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Mas essa derrota não impediu a equipe de Fiji de continuar fazendo outra coisa pela qual os atletas se tornaram conhecidos: cantar louvores a Deus.

A equipe de Fiji chamou atenção mundial por cantar hinos com belíssima harmonia, no pátio da Vila Olímpica. A jogadora australiana de polo aquático, Tilly Kearns, postou um vídeo com o comentário: “Estou no melhor lugar da Vila, ao lado do prédio da Oceania.”

Um site de música clássica compartilhou o vídeo e explicou que a equipe estava cantando “Mo Ravi Vei Jisu”, um hino fijiano. A letra do hino pode ser traduzida como “Confie no Senhor e ele guiará seu caminho.” O site acrescentou: “Quem ouve [os atletas cantando], no vídeo, pode pensar que está ouvindo um ensaio de um coral profissional. As harmonias, os ritmos, a musicalidade e a pura beleza de suas vozes ressonantes fazem parecer difícil de acreditar que eles não são músicos que receberam treinamento formal.”

Compartilhando o Evangelho na língua de sinais

A brasileira Rayssa Leal, que ganhou a medalha de prata no skate street nas Olimpíadas de Tóquio, aos 13 anos, conquistou o bronze este ano. Antes de uma rodada preliminar, ela se virou para a câmera e usou a língua de sinais para comunicar João 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.”

“Eu fiz isso porque faço em todas as competições”, disse Leal ao site UOL. “Para mim é importante; sou cristã, acredito muito em Deus. Ali eu pedi força e mandei uma mensagem para todos, de que Deus realmente é o caminho, a verdade e a vida.”

A maior nadadora olímpica da África do Sul também dá honra a Deus

Tatjana Schoenmaker Smith anunciou sua aposentadoria da natação competitiva em 1º. de agosto, após conquistar sua quarta medalha olímpica, uma prata, nos 200 metros peito. Ela já havia vencido os 100 metros peito, três dias antes.

Após sua vitória nos 100 metros peito, Smith vestiu uma camiseta que agradecia “minha comunidade” pelo apoio. Os três primeiros nomes listados eram Deus, Jesus e o Espírito Santo.

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Antes das Olimpíadas, Smith declarou em uma postagem nas redes sociais que estava “muito empolgada em nadar para a glória de Deus e representar seu país, enquanto fazia isso.”

Aos três anos, ele não conseguia andar. Agora, é medalhista na marcha atlética

Caio Bonfim, atleta do Brasil de 33 anos, declarou: “Eu pertenço a Jesus”, após conquistar a medalha de prata na prova de 20km de marcha atlética masculina, no dia 1º. de agosto. Um grande feito para alguém que, aos 3 anos, não conseguia sequer andar.

Bonfim tornou-se intolerante à lactose, depois de ter meningite e pneumonia, quando era bebê. Depois de uma cirurgia, ficou com as pernas arqueadas engessadas, mas, à medida que crescia, ele se determinou a seguir os passos dos pais na marcha atlética.

Treinar para a marcha atlética, esporte que muitas vezes foi alvo de piadas por parte de comediantes e de comentaristas, expôs Bonfim a zombarias nas ruas de Brasília, mas ele persistiu. Ele se classificou pela primeira vez para os Jogos Olímpicos em 2012, e ficou em quarto lugar nos Jogos do Rio, em 2016.

Quando perguntado em uma entrevista após a corrida se foi difícil ganhar uma medalha, Bonfim respondeu: “Não, a parte difícil foi o dia em que marchei pela primeira vez na rua e fui insultado.” Refletindo sobre sua experiência durante a competição, ele comentou: “No meio da prova, você olha em volta e vê um, dois, três, cinco atletas ao seu redor e pensa ‘Ainda estou em décimo lugar.’[...] Mas senti a mão de Deus me segurando e dizendo, ‘Vamos lá, cara!’”

Bonfim frequenta uma igreja da Assembleia de Deus em Sobradinho, uma cidade que fica perto de Brasília.

Ele ainda é um dos melhores nadadores do mundo, mas agora serve a Deus

Adam Peaty, detentor do recorde mundial nos 100 metros peito, que se tornou cristão em 2022 após lutar contra o alcoolismo e a depressão, quase conquistou o ouro em Paris, terminando em segundo lugar por apenas 0,02 segundos. Ele chorou depois da prova, mas não estava desapontado.

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Peaty, que agora exibe uma cruz tatuada no peito, explicou: “São lágrimas de felicidade. Não estou chorando porque fiquei em segundo lugar, estou chorando porque foi necessário muito esforço para chegar até aqui. Sou um homem muito religioso e pedi a Deus para mostrar meu coração, e este é o meu coração. Eu não poderia ter feito mais.”

Peaty contou que, quando visitou pela primeira vez a igreja à qual ele agora pertence, o pastor citou os Jogos Olímpicos no sermão.

“Ninguém sabia que eu estaria [na igreja],” ele lembra. “Eu estava sentado no fundo e pensei: ‘se isso não é para mim, então, o que é?’”

Com reportagens adicionais de Annie Meldrum.

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