Apostar corrida com meu pai na calçada é um dos meus passatempos favoritos. Quando eu era mais nova, ele sempre vencia, e apenas desacelerava de vez em quando, para me deixar pensar que eu era rápida. Então, um belo dia, eu decolei, um pé passando veloz na frente do outro, e esse foi o súbito fim da sequência de vitórias de meu pai.

Meu amor pelo exercício físico começou quando criança, por gostar da presença e do envolvimento do meu pai, e se transformou em um amor vitalício pelos esportes: ginástica, dança, atletismo, líder de torcida, ciclismo e muito mais.

Quando me tornei cristã, aos 22 anos, descobri uma nova dimensão em minhas atividades favoritas. Paulo escreveu em 1Timóteo 4.8: “O exercício físico é de pouco proveito; a piedade, porém, para tudo é proveitosa, porque tem promessa da vida presente e da futura”. Ao aconselhar os cristãos a serem treinados na boa doutrina e no discernimento, Paulo sabia que isso exigia diligência e esforço — assim como o treinamento físico exige.

Hoje mais do que nunca as pessoas conhecem o rigor do exercício em primeira mão. Nos Estados Unidos, por exemplo, nós nos tornamos uma nação de atletas amadores: corredores, ciclistas, praticantes de ioga e devotos do CrossFit. Cerca de metade dos adultos americanos cumprem as diretrizes federais atuais para a prática de atividades aeróbicas. Isso pode não parecer muito, mas é o índice mais alto já registrado. Milhões de crianças praticam esportes organizados [esportes que fazem parte de ligas ou programas do governo], tanto que a questão não é se seu filho vai praticar algum esporte, mas quais serão os esportes que ele escolherá praticar. Este ano, meu filho, que está no jardim de infância, ficou todo entusiasmado ao vestir suas caneleiras rosa e começar no futebol.

Estamos certos em nos preocupar com o que acontece quando nosso amor pelo condicionamento físico é levado ao extremo — a excesso de exercício, pressão, competição — e a igreja deve continuar a nos alertar contra qualquer hobby que se torne um ídolo. Mas antes de revirarmos os olhos diante de outro desafio de condicionamento físico ou de outro treino do dia que algum amigo postar no Facebook, faríamos bem em comemorar o lado bom de nossa crescente aceitação da prática de atividades físicas.

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Os estudos reiteradamente apontam os benefícios do exercício em todas as fases da vida: corpo mais saudável, humor mais feliz, pensamentos mais claros, sono mais profundo. Mas também há benefícios espirituais. Na medida em que o condicionamento físico continua a ocupar um espaço maior em nossas rotinas diárias e em nosso discurso cultural, há potencial para nós, como cristãos, apreciarmos melhor nossos corpos, dados por Deus, nossos esforços e a criação de Deus. As disciplinas envolvidas no exercício são semelhantes às que podemos usar na vida cristã — com resistência para terminar a corrida.

Logo após minha conversão, comecei a associar meu amor pelo bom condicionamento físico a um novo propósito, mas isso ampliou-se ainda mais depois que tive meu filho. Percebi que meu corpo nunca mais seria o mesmo. Deus transformou qualquer potencial ansiedade que eu tivesse em relação a estrias ou a peso depois da gravidez em entusiasmo para ver como ele poderia me usar de novas maneiras, enquanto eu treinava.

Deus é gracioso em nos permitir desfrutar de exercícios, enquanto estamos aqui na terra. Na minha infância e adolescência, qualquer tipo de condicionamento físico geralmente era centrado em mim — como eu me sentia e como me saía. Agora, percebo que [ao praticar uma atividade física] posso dar glória a Deus, desfrutar dele e de sua criação, servir bem à minha família e desfrutar da atividade em si. Deus usa a ideia de treinar, de participar de uma corrida e de perseverar como formas de direcionar nossa atenção para nossa fé (Isaías 40.31, Hebreus 12.1, Romanos 3.5, 2Timóteo 4.7). Não é nenhuma surpresa que a prática de uma atividade física me lembre da corrida que está proposta diante de mim e da bondade de Deus nela.

Comecei a andar de bicicleta, e me pego apreciando Deus de novas maneiras. Quando eu pedalo por uma área verde e vejo flores amarelas brilhantes, avisto um raro esquilo branco em nosso parque local, desvio de um filhote de cobra que encontro pelo caminho, eu sei que existe um Deus. A criação clama seu nome, e é glorioso. Ele é criativo. Ele fez um mundo para que nós desfrutemos dele, o subjuguemos e exerçamos domínio e cuidado sobre ele (Gênesis 1.28-30).

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Assim como Deus nos dá vários dons, ele também nos dá vários interesses para o bem dos outros. Por meio dos exercícios, fico mais alerta — mais atenta ao meu trabalho e à minha vida diária. Tenho mais energia para servir a minha família. Minha mente fica mais clara para o ministério. Sinto disposição para sair e orar. Fortaleço meus músculos para servir, bem como para beneficiar minha saúde em geral. E, assim como o atleta olímpico Eric Liddell, em Carruagens de Fogo, sinto o prazer de Deus.

Liddell disse: “Creio que Deus me fez com um propósito, mas ele também me fez veloz. E, quando corro, sinto o prazer dele.” Todos nós experimentamos isso no âmbito pessoal. Quando ando de bicicleta e uso o quadríceps que Deus me deu para subir uma colina que parecia impossível de vencer, sinto o deleite de Deus. Fui feita para velocidade e força, ainda que apenas em uma pequena dose.

Na bondade de Deus, podemos buscar a aptidão física e encontrar descanso sabendo que fomos feitos para um propósito. E, por sua graça, podemos glorificá-lo nisso.

Trillia Newbell é autora de Fear and Faith: Finding the Peace Your Heart Craves (2015) e United: Captured by God’s Vision for Diversity (2014). Quando este artigo foi escrito, ela era diretora de evangelização comunitária da Comissão de Ética e Liberdade Religiosa da Southern Baptist. Ex-instrutora de fitness, Trillia gosta de fazer exercícios em grupo, andar de bicicleta e ouvir música. Ela é casada com seu melhor amigo, Thern, e eles moram com seus dois filhos perto de Nashville. Você pode encontrá-la em trillianewbell . com e no Twitter em @ trillianewbell.

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