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Os 50 países em que é mais difícil ser cristão em 2023

O último relatório sobre a perseguição cristã considera a Nigéria e a África Subsaariana o epicentro da violência jihadista, enquanto a China lidera os esforços para redefinir os direitos religiosos.
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Os 50 países em que é mais difícil ser cristão em 2023
Image: Illustration by Mallory Rentsch / Source Image: Benne Ochs / Getty Images
A perseguição cristã é pior nestes 50 países, de acordo com a Lista Mundial de Portas Abertas 2023, agora em seu 30º ano de existência.

Mais de 5.600 cristãos foram mortos por causa de sua fé no ano passado. Mais de 2.100 igrejas foram atacadas ou fechadas.

Mais de 124 mil cristãos foram retirados à força de suas casas por causa de sua fé, e perto de 15 mil se tornaram refugiados.

A África Subsaariana — o epicentro do cristianismo global — agora também é o epicentro da violência contra os cristãos, uma vez que o extremismo islâmico se espalhou para muito além da Nigéria.

E a Coreia do Norte está de volta ao primeiro lugar, de acordo com a Lista Mundial da Perseguição (World Watch List — WWL) de 2023, a última estimativa anual feita pela organização Portas Abertas nos 50 principais países onde é mais perigoso e difícil ser cristão.

Os registros preocupantes de martírios e ataques a igrejas realmente são mais baixos do que no relatório do ano passado. Mas a Portas Abertas enfatiza que eles são “um número menor absoluto” e rapidamente se nota que o declínio dos dados não sugere melhorias reais na liberdade religiosa.

Por exemplo, a redução no fechamento de igrejas foi “devida, em grande parte” ao fato de as autoridades chinesas terem fechado quase 7 mil igrejas nos dois anos anteriores. E a mudança do Afeganistão da 1ª. posição no ano passado para a 9ª. este ano “oferece pouco a comemorar”, pois é motivada pela forma que a maioria dos cristãos afegãos “se escondeu mais profundamente ou fugiu para o exterior”, após a tomada do poder pelo Talibã.

No geral, assim como no ano passado, 360 milhões de cristãos vivem em nações com altos níveis de perseguição ou de discriminação. Isso representa 1 em cada 7 cristãos em todo o mundo, inclusive 1 em cada 5 na África, 2 em cada 5 na Ásia e 1 em cada 15 na América Latina.

E, pela terceira vez em três décadas de acompanhamento, todas as 50 nações obtiveram pontuação alta o bastante para registrar níveis de perseguição “muito altos” na matriz de mais de 80 perguntas da organização Portas Abertas. O mesmo aconteceu com mais 5 países que ficaram bem próximo do ponto de corte [para figurar na lista].

O extremismo islâmico continua a ser a maior causa de perseguição (31 nações), especialmente na África Subsaariana, onde a Portas Abertas teme que a Nigéria em breve desencadeie “uma vasta catástrofe humanitária” por todo o continente. Os pesquisadores também observaram o quanto a China aumentou as restrições digitais e a vigilância, e está “ forjando uma rede de nações que buscam redefinir os direitos humanos — distanciando-os dos padrões universais e das liberdades religiosas”. Além desses, mais um país latino-americano, a Nicarágua, entrou na lista porque o governo autoritário vê cada vez mais os cristãos como vozes de oposição.

O objetivo das listas anuais da perseguição da WWL — que relatam como a Coreia do Norte entrou na competição, à medida que a perseguição foi ficando cada vez pior — é orientar as orações e ter como alvo uma ira mais eficaz, bem como, ao mesmo tempo, mostrar aos cristãos perseguidos que eles não foram esquecidos.

A lista de 2023 rastreia o período de 1º de outubro de 2021 a 30 de setembro de 2022, e é compilada a partir de relatórios de campo feitos por mais de 4 mil funcionários da organização Portas Abertas, em mais de 60 países.

O relatório de hoje também marca os 30 anos da lista, feita pela primeira vez em 1993, após a queda da Cortina de Ferro. O que a organização Portas Abertas aprendeu [em todo esse tempo]?

Primeiro, fica claro que a perseguição continua a piorar. O número de países que atingiram o ponto-limite da WWL para serem rastreados aumentou de 40 em 1993 para 76 países hoje, e a pontuação média por país aumentou 25%.

No entanto, a maior ameaça à igreja não é externa, mas interna, conclui Frans Veerman, diretor-gerente de pesquisa da Portas Abertas. E o sentido de 1Coríntios 12 é que nenhum crente deve sofrer sozinho.

“A maior ameaça ao cristianismo”, disse ele, “é que a perseguição traz isolamento e, quando isso continua incessantemente, pode causar uma perda de esperança”.

Embora a violência e a pressão levem a traumas e a perdas significativos, Veerman observou como “inusitadamente, muitos dos que respondem os nossos questionários continuam a dizer que a maior ameaça não vem de fora, mas sim de dentro da igreja: ‘A próxima geração estará preparada para o tipo de perseguição que estamos testemunhando? Eles são fortes na sua fé e no conhecimento de Cristo e do evangelho?’”

“Isso mostra que o nível de resiliência da igreja é tão determinante para o seu futuro em um país quanto o nível de perseguição”, disse ele. “Portanto, as maiores ameaças para a igreja em países em que há perseguição são a diminuição da resiliência, causada pela perseguição incessante, e o sentimento de ter sido abandonado pelo restante do corpo de Cristo”.

Após trinta anos de pesquisa, a Portas Abertas aprendeu que essa resiliência necessária é encontrada quando estamos “ancorados na Palavra de Deus e na oração”, disse Veerman. Também ao sermos “corajosos”, uma vez que a igreja perseguida é com mais frequência “ativa na proclamação do evangelho”, bem como “vital e uma igreja que cresce contra todas as adversidades”.

Em suma, a igreja perseguida ensinou para a organização Portas Abertas a verdade de 1Coríntios 12.26: “Quando um membro sofre, todos os outros sofrem com ele; quando um membro é honrado, todos os outros se alegram com ele.”

Onde os cristãos são mais perseguidos hoje

O Afeganistão não representa a única mudança substancial na classificação deste ano.

Cuba passou da 37ª para a 27ª posição, devido à intensificação das táticas repressivas contra líderes cristãos e ativistas contrários aos princípios comunistas. Antes das manifestações generalizadas em 2021, o país nem sequer classificava. Burquina Faso passou da 32ª para a 23ª posição, devido ao aumento da atividade jihadista, exacerbada por instabilidade semelhante nas nações vizinhas do Sahel. Moçambique passou da 41ª para a 32ª posição, devido à militância islâmica na sua região norte. E a Colômbia passou da 30ª para a 22ª posição, devido à violência direcionada contra os cristãos por parte de gangues criminosas.

Comores entrou na lista em 42º lugar, tendo subido 11 posições, devido ao aumento da paranóia do governo (apenas estrangeiros no arquipélago têm liberdade religiosa). E a Nicarágua entrou pela primeira vez na lista, tendo subido 11 posições e passando para a 50ª posição, devido à crescente repressão ditatorial, especialmente contra a Igreja Católica Romana.

No geral, com exceção do Afeganistão que caiu oito posições, os 10 primeiros países da lista apenas trocaram de posição em relação à lista do ano passado [veja o quadro lateral]. O Sudão voltou ao grupo em 10º lugar, passando a Índia que, em 11º lugar, ainda pontua dentro do nível “mais extremo” de perseguição da organização Portas Abertas.

Surpreendentemente removida em 2021 da lista anual de Países de Preocupação Particular do Departamento de Estado dos EUA, depois de finalmente ser incluída em 2020, a Nigéria recebeu novamente atenção especial no relatório Portas Abertas, que observou:

A violência contra cristãos […] é mais extrema na Nigéria, onde militantes dos fulanis, do Boko Haram, do Estado Islâmico na Província da África Ocidental, entre outros, realizam ataques a comunidades cristãs, matando, mutilando, estuprando e sequestrando para fins de resgate ou de escravidão sexual.

Este ano também testemunhou essa violência se espalhar para a maioria cristã, no sul do país. […] O governo da Nigéria continua negando que isso seja perseguição religiosa, de modo que as violações dos direitos dos cristãos são praticadas com impunidade.

Repetindo o desempenho do ano passado, a nação mais populosa da África ficou em primeiro lugar em várias subcategorias da lista mundial da perseguição, nos quesitos cristãos mortos, sequestrados, agredidos ou assediados sexualmente, casados à força ou abusados física ou mentalmente, bem como em primeiro lugar no quesito casas e locais de negócio atacados por razões baseadas na fé. E novamente ficou em segundo lugar nos quesitos ataques a igrejas e deslocamento interno [forçado].

As violações da liberdade religiosa na Nigéria são emblemáticas de uma presença islâmica em rápido crescimento na África Subsaariana. O Mali passou do 24º para o 17º lugar. Burquina Faso passou do 32º para o 23º lugar, e o Níger passou do 33º para o 28º lugar. Mais ao sul, a República Centro-Africana (RCA) passou do 31º para o 24º lugar; Moçambique passou do 41º para o 32º lugar; e a República Democrática do Congo (RDC) passou da 40ª para a 37ª posição.

Os países de maioria cristã ocupam uma posição relativamente baixa entre os primeiros 50 da lista, e incluem Colômbia (22º), República Centro-Africana (24º), Cuba (27º), Moçambique (32º), República Democrática do Congo (37º), México (38º), Etiópia (39º), Camarões (45º) e Nicarágua (50º). (O Quênia e a Tanzânia por pouco não entraram na lista de 2023.)

Em relação à América Latina, a Portas Abertas observou:

A opressão direta de governos contra cristãos vistos como vozes de oposição é frequente na Nicarágua (50º), na Venezuela (64º) e em Cuba (27º), onde líderes cristãos foram presos sem julgamento por participarem nas manifestações do ano passado. Em muitos países da América Latina, o crime organizado se instalou, especialmente nas áreas rurais, para cristãos que se manifestam contra as atividades dos cartéis.

Dos primeiros 50 países da lista:

  • 11 têm níveis “extremos” de perseguição e 39 têm níveis “muito altos”. Outros cinco países, além desses 50 primeiros, também se classificam como países com um nível “muito alto” de perseguição: Quênia, Kuwait, Tanzânia, Emirados Árabes Unidos e Nepal. (Em seguida, a Portas Abertas rastreia outros 21 países com níveis “altos” de perseguição. As únicas nações em que esse nível subiu foram a Nicarágua e o Sudão, enquanto a Arábia Saudita e o Sri Lanka foram as únicas nações em que o nível caiu.)
  • 19 países ficam na África; 27, na Ásia; e 4, na América Latina.
  • 34 países têm o Islã como religião principal; 4 têm o budismo; 1 tem o hinduísmo; em 1 deles impera o ateísmo; em 1, o agnosticismo — e 10 seguem o cristianismo. (A Nigéria é 50/50, ou seja, metade muçulmana e metade cristã.)

A lista de 2023 incluiu dois novos países: Comores e Nicarágua. Dois países saíram da lista: Kuwait e Nepal.

Outros aumentos dignos de nota incluem o Mali, que passou da 24ª para a 17ª posição, devido a ameaças de combatentes jihadistas e mercenários, no contexto de um governo fraco que associa alguns cristãos a interesses ocidentais. Da mesma forma, o Níger, nação do Sahel, passou do 33º para o 28º lugar, devido aos ataques contínuos de militantes islâmicos. E na América do Norte, o México passou do 43º para o 38º lugar, devido à violência de criminosos contra cristãos, que são considerados uma ameaça às atividades ilegais, bem como a pressões sociais enfrentadas pelos crentes indígenas que se recusam a seguir os costumes ancestrais.

Nem toda movimentação digna de nota foi negativa. A Portas Abertas observou a “promoção de maior tolerância” em vários países do Oriente Médio, incluindo Bahrein e Emirados Árabes Unidos. O Catar caiu 16 posições, passando do 18º para o 34º lugar, devido ao fato de nenhuma igreja ter sido fechada no ano passado. (No entanto, muitas igrejas domésticas anteriormente fechadas permaneceram fechadas.) O Egito caiu 15 posições, passando do 20º para o 35º lugar, devido a menos ataques relatados a propriedades cristãs. Omã caiu por razões semelhantes, passando do 36º para o 47º lugar, e a Jordânia caiu do 39º para o 49º lugar, por não ter registro de nenhum relato de cristãos terem sido forçados a deixar suas casas.

Como os cristãos são perseguidos nesses países?

A organização Portas Abertas acompanha a perseguição em seis categorias — levando em conta a pressão social e governamental sobre indivíduos, famílias e congregações — e tem um foco especial nas mulheres. Muitas categorias registraram quedas este ano, embora algumas delas tenham atingido níveis recordes.

Quando a violência é isolada como categoria, os 10 principais perseguidores mudam drasticamente — apenas Nigéria, Paquistão e Índia permanecem [veja o quadro lateral]. Na verdade, 15 nações são mais mortais para os cristãos do que a Coreia do Norte. (Uganda teve o maior aumento de violência registrada, subindo 3,1 pontos, ao lado de Honduras, embora ambos os países não estejam entre os 50 primeiros na classificação. Depois da queda de 10 pontos do Afeganistão, o Catar teve a maior queda na violência, seguido por Sri Lanka e Egito. Do total de nações rastreadas, 12 não tiveram mudança na pontuação da violência, 27 diminuíram e 37 aumentaram.)

Os martírios tiveram uma queda de mais de 275 em relação ao ano anterior, pois a Portas Abertas registrou 5.621 cristãos mortos por sua fé durante o período do relatório. Representando uma queda de 5%, o saldo continua sendo o segundo maior, desde o recorde de 7.106 mortes em 2016. A Nigéria respondeu por 89 por cento do total.

A organização Portas Abertas é conhecida por favorecer uma estimativa mais conservadora do que outros grupos, que muitas vezes contabilizam 100 mil martírios por ano.

Onde os números não podem ser verificados, são dadas estimativas em números arredondados de 10, 100, 1 mil ou 10 mil, presumindo-se que são mais altos na realidade. E as tabulações de alguns países podem não ser fornecidas, por motivo de segurança, aparecendo sob a designação “N.N.” (sigla que significa “não identificado”) para países como Afeganistão, Maldivas, Coreia do Norte, Somália e Iêmen.

Sob esta rubrica, um país não identificado, Moçambique e a República Democrática do Congo seguem a Nigéria com uma contagem simbólica de 100 mártires. Em seguida, vêm a República Centro-Africana com 61 assassinatos registrados, Mianmar com 42, Colômbia com 21 e Índia com 17.

Uma segunda categoria rastreia ataques a igrejas e a outros edifícios cristãos, como hospitais, escolas e cemitérios, sejam eles destruídos, fechados ou confiscados. A contagem de 2.110 representa uma queda de 59% em relação ao ano passado, e é apenas cerca de um quinto da alta do relatório de 2020, cuja contagem foi de 9.488.

A China (16º), que voltou a estar entre os 20 primeiros em 2021 pela primeira vez em uma década, liderou o caminho, com metade dos ataques relatados a igrejas — embora tenha recebido uma contagem simbólica de 1 mil. Em seguida, Nigéria, Mianmar, Moçambique, República Democrática do Congo, Ruanda e Angola receberam a contagem de 100 ataques simbólicos. A Índia registrou 67 incidentes específicos, seguida pelo México com 42, Colômbia com 37 e Nicarágua com 31.

A categoria de cristãos que foram detidos sem julgamento, presos, sentenciados e mantidos na prisão caiu para 4.542, um quarto abaixo do recorde de 6.175 do relatório do ano passado, mas é ainda o segundo maior total desde que a categoria é rastreada.

A Portas Abertas divide isso em duas subcategorias, com 3.154 cristãos detidos, o que representa uma diminuição de 34 por cento. A Índia liderou essa subcategoria com 1.711 casos e representou 54 por cento do total. Foi seguida por Eritreia com 244 casos e Rússia com 200; depois, por uma nação não identificada, Mianmar, China e Ruanda, cada qual com uma contagem simbólica de 100; após, vem Cuba com 80, El Salvador com 63 e Nigéria com 54.

A contagem de 1.388 cristãos presos, no entanto, manteve-se estável em relação aos 1.410 relatados no período anterior. Um país não identificado, Eritreia, China e Índia compuseram quase 90 por cento do total.

Outra nova alta foi registrada no número de cristãos sequestrados, com um total de 5.259 representando um aumento de 37% em relação ao período anterior. A Nigéria foi responsável por 90% do total, com 4.726 sequestros, seguida por Moçambique e República Democrática do Congo, com uma contagem simbólica de 100 incidentes cada, e depois, Iraque com 63, República Centro-Africana com 35 e Camarões com 25.

De longe, a categoria com o maior total foi a do deslocamento interno [forçado], com 124.310 cristãos forçados a deixar suas casas ou a se esconder por motivos relacionados à fé, uma queda de 43% em relação aos 218.709 do ano passado. Outros 14.997 cristãos foram forçados a deixar seu país, contra 25.038 no ano passado. Mianmar registrou 4 de 5 deslocamentos internos (seguida por Nigéria e Burquina Faso) e 2 de 3 refugiados contabilizados (seguida pelo Irã).

A Portas Abertas afirmou que várias categorias foram particularmente difíceis de contar com precisão, sendo a mais alta delas os 29.411 casos de abuso físico e mental, que incluem espancamentos e ameaças de morte. (A contagem do ano passado foi de 24.678 incidentes.) Das 72 nações avaliadas, 45 receberam números simbólicos. Nigéria e Índia tiveram os números mais altos (perfazendo dois terços da contagem), seguidas por uma nação não identificada, Mianmar, Moçambique, Indonésia, República Democrática do Congo e Ruanda.

Um total estimado de 4.547 casas e propriedades de cristãos foram atacadas em 2022, junto com 2.210 lojas e locais de negócio. Nesta segunda categoria, 27 dos 42 países receberam números simbólicos, sendo que a contagem de 1 mil, atribuída à Nigéria, excedeu a das próximas nove nações juntas (que receberam a contagem de 100 cada). Nigéria, Mianmar e República Centro-Africana tiveram as contagens mais altas na primeira categoria (uma contagem simbólica de 1 mil cada), com apenas a Indonésia e a Índia capazes de registrar casos reais (211 vs. 180). Eritreia, Síria, Iraque, Burquina Faso, Níger, Moçambique, República Democrática do Congo e Camarões completaram o grupo dos 10 primeiros e foram além, cada qual com uma contagem simbólica de 100 ataques.

Categorias específicas para mulheres também foram difíceis para os pesquisadores da organização Portas Abertas calcularem com precisão. Os casos de estupro e assédio sexual diminuíram de 3.147 para 2.126 contabilizados, liderados pela Nigéria, que teve quase metade do total, e 34 dos 47 países pontuando simbolicamente. Os casamentos forçados com pessoas não cristãs diminuíram de 1.588 para 717 registrados, outra vez liderados pela Nigéria, como o número de 22, o mais alto dos 34 países pontuados simbolicamente.

Por que existem cristãos perseguidos nestes países?

A principal causa varia de país para país, e entender melhor as diferenças pode ajudar cristãos de outras nações a orarem e a lutarem com mais eficácia por seus irmãos e irmãs em Cristo que são perseguidos.

A Portas Abertas divide as principais causas de perseguição cristã em oito grupos:

Opressão islâmica (31 países): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam em mais da metade dos países que constam da lista da perseguição, entre os quais encontram-se 8 dos 10 primeiros da lista.

A maioria dos 31 países são nações oficialmente muçulmanas ou que têm maioria muçulmana; no entanto, 5 deles na verdade têm maiorias cristãs: Nigéria, República Centro-Africana (24º), República Democrática do Congo (37º), Moçambique (32º) e Camarões (45º). (Além disso, este é o principal fator impulsionador em 15 países com perseguição suficiente a ponto de ser rastreada pela organização Portas Abertas, embora sejam classificados abaixo do ponto de corte da lista, entre eles, o Quênia e a Tanzânia, países de maioria cristã.)

Paranoia ditatorial (9 países): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam em nove países, a maior parte deles de maioria muçulmana — Síria (12º), Uzbequistão (21 º), Turcomenistão (26º), Bangladesh (30º), Tajiquistão (44º) e Cazaquistão (48º) — mas também na Eritreia (4º), Cuba (27º) e Nicarágua (50º). (Além destes, em seis países que estão sendo rastreados: Angola, Azerbaijão, Bielorrússia, Burundi, Ruanda e Venezuela.)

Opressão comunista e pós-comunista (4 países): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam em quatro países, todos na Ásia: Coreia do Norte (1º), China (16º), Vietnã (25º) e Laos (31º).

Nacionalismo religioso (3 países): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam em três nações, todas elas asiáticas. Os cristãos são visados principalmente por nacionalistas hindus na Índia (10º) e por nacionalistas budistas em Mianmar (14º) e no Butão (40º). (E também em três países que estão sendo acompanhados: Israel, Nepal e Sri Lanka.)

Crime organizado e corrupção (2 países): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam na Colômbia (22º) e no México (38)º. (E também em três países que estão sendo acompanhados: El Salvador, Honduras e Sudão do Sul.)

Protecionismo denominacional cristão (1 país): Esta é a principal causa de perseguição que os cristãos enfrentam na Etiopia (39º).

Intolerância secular (0 países) e opressão por clãs (0 países): A Portas Abertas rastreia essas duas causas de perseguição enfrentadas pelos cristãos, mas nenhuma delas é a principal causa em nenhum dos 50 países que figuram na lista de 2023.

Como comparar a Lista Mundial da Perseguição (WWL) a outros relatórios importantes sobre perseguição religiosa?

A organização Portas Abertas acredita que seja razoável dizer que o cristianismo é a religião mais severamente perseguida do mundo. Ao mesmo tempo, observa que não há documentação comparável para a população muçulmana do mundo.

Outras avaliações da liberdade religiosa em todo o mundo corroboram muitas das descobertas do relatório da Portas Abertas. Por exemplo, a última análise feita pelo Pew Research Center sobre hostilidades governamentais e sociais em relação à religião descobriu que os cristãos foram assediados em 155 países em 2020, mais do que qualquer outro grupo religioso. Muçulmanos foram perseguidos em 145 países, seguidos por judeus, em 94 países. O detalhamento corresponde aos dados [do levantamento] da Portas Abertas. China, Eritreia e Irã estão classificados entre os 10 primeiros países da lista da Pew que praticam assédio governamental, enquanto Índia, Nigéria e Paquistão são classificados entre os 10 primeiros em que há hostilidade social. Afeganistão e Egito constam em ambos os quesitos.

A maioria das nações que estão na lista da Portas Abertas também aparece na lista anual do Departamento de Estado dos EUA, que nomeia e condena governos que “se envolveram ou toleraram violações sistemáticas, contínuas e flagrantes da liberdade religiosa”.

Entre os primeiros classificados da lista anual de Países de Preocupação Particular do Departamento de Estado dos EUA encontram-se Mianmar (14º na Lista Mundial da Perseguição — LMP — de 2023), China (16º), Cuba (27º), Eritreia (4º), Irã (8º), Coreia do Norte (1º), Nicarágua (50º), Paquistão (7º), Rússia (que saiu da LMP no ano passado), Arábia Saudita (13º), Tajiquistão (44º) e Turcomenistão (26º). Uma lista de vigilância especial de segundo nível inclui Argélia (19º), República Centro-Africana (24º), Comores (42º) e Vietnã (25º).

O Departamento de Estado americano também faz uma lista de Entidades de Preocupação Particular, isto é, de agentes não governamentais que geram perseguição, todos ativos em países da lista da Portas Abertas. Entre eles estão o Boko Haram e o Estado Islâmico na Província da África Ocidental, ambos na Nigéria (6º lugar na Lista Mundial da Perseguição); o Talibã, no Afeganistão (9º); o Al-Shabaab, na Somália (2º); o Hayat Tahrir al-Sham, na Síria (12º); os houthis, no Iêmen (3º); o Wagner Group, por suas atividades na República Centro-Africana (24º), e o ISIS-Grande Saara e o Jamaat Nasr al-Islam wal Muslimin, no Sahel.

Enquanto isso, a Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos EUA (USCIRF, em inglês) em seu relatório de 2022 recomendou as mesmas nações para a lista de Países de Preocupação Particular, com o acréscimo de Nigéria (6º), Índia (11º), Síria (12º), e Vietnã (25º). Para a lista de monitoração do Departamento de Estado, a USCIRF recomendou as mesmas nações, com exceção de Comores e com o acréscimo do Azerbaijão (país não classificado entre os 50 primeiros da lista, mas monitorado pela Portas Abertas), Egito (35º), Indonésia (33º), Iraque (18º), Cazaquistão (48º), Malásia (43º), Turquia (41º) e Uzbequistão (21º).

Todas as nações do mundo são monitoradas por pesquisadores e equipes de campo da organização Portas Abertas, mas uma atenção mais profunda é dada a 100 países, com foco especial nos 76 deles que registram níveis “altos” de perseguição (que pontuam mais de 40 em uma escala de 100, feita pela organização Portas Abertas).

A CT publicou anteriormente as classificações da Lista Mundial da Perseguição dos anos de 2022, 2021, 2020, 2019, 2018, 2017, 2016, 2015, 2014, 2013 e 2012, incluindo um destaque sobre onde é mais difícil ter fé. A CT também perguntou a especialistas se os Estados Unidos devem integrar as listas de perseguições e compilou as histórias mais lidas da igreja perseguida em 2019, 2018, 2017, 2016 e 2015.

Leia o relatório completo da organização Portas Abertas sobre a Lista Mundial da Perseguição de 2022 aqui.

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